Mundo DevOps

A pressa é amiga da perfeição?

Dizem que ‘a pressa é inimiga da perfeição’. A frase é de Rui Barbosa, pai da expressão, que observou (em tom de descontentamento) a rapidez que o Código Civil Brasileiro era redigido.

Correr demais pode não ser garantia de eficácia e agilidade, mas em tempos pós-normais (veja nosso artigo aqui) − onde a velocidade pesa tanto quanto a qualidade — talvez a frase de José Saramago se encaixe melhor no cenário atual: “Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo!”, constatou o escritor.

Crédito Imagem: Profissionais TI

A lógica do mestre revela o caminho ideal para produzirmos mais e melhor: o equilíbrio entre eficiência e velocidade, entre ansiedade e procrastinação. Em resumo: agilidade, proatividade, empatia e a colaboração levam — se não à perfeição — a uma maior produtividade.

Esses são os princípios adotados por empresas ao redor do mundo e o contexto onde nasceu o conceito DevOps, termo que define a integração entre o time de desenvolvedores de softwares (Dev) e a equipe de operações (Ops).

Na addPlay (assista aqui), é possível assistir a um bate-papo sobre o tema com os convidados Edson Akiyama, Manager Digital Transformation & Information Services da BASF, e Muniz Antônio, fundador Jornada Colaborativa, autor e curador  de 28 livros Tech, Agilidade, DevOps, SRE, Liderança, 

A queda do muro

Os opostos se completam? Os times de desenvolvimento e o operacional costumam ser exatamente assim: como o claro e o escuro, o yin e o yang, o Batman e o Coringa, a existência de um depende do outro. O que não garante uma convivência pacífica, digamos…

Com prioridades e embasamentos distintos (mas complementares), integrar times tão diferentes sempre foi um desafio para gestores.

É como reunir torcedores de dois times no mesmo espaço durante um jogo clássico, sem que haja disputas ou discussões entre os torcedores. Difícil, mas não impossível! Por fim, as necessidades do cliente é que estão em jogo, e por muitas vezes os times deixam a desejar devido a tal segregação.

movimento DevOps surge para derrubar o muro que os separavam e alinhar discursos para simplificar processos, integrando o desenvolvimento com o setor de operações.

A bandeira da união foi levantada por Patrick Debois na Agile Conference 2008 em Toronto, Canadá (veja aqui a apresentação), quando o especialista em desenvolvimento propôs o debate para solucionar os conflitos entre as áreas. Com o mesmo intuito, dois especialistas da Flickr enfatizaram a ideia em 2009, durante o seminário “10+ Deploys per Day: Dev and Ops Cooperation at Flickr”, que resultou no primeiro DevOpsDay, em Ghent, na Bélgica.

Foi então que o movimento DevOps (já mais robusto) provou ao mundo não ser um novo ‘hype’, mas um processo que, atrelado à cultura Agile, forma times de alta performance, gera vantagem competitivareduz riscos e acelera o tempo de resposta ao cliente, de forma segura e colaborativa.

Melhorar o workflow pela empatia, conexão e comunicação eficiente entre os profissionais, são as premissas empregadas, que resultam na entrega de soluções cada vez mais rápidas e fundamentais para o sucesso dos negócios hoje em dia.

Maturidade Digital eleva nível de produção

O movimento DevOps tem somente poucos anos e ganha força e relevância mundialmente, pois traz à tona a necessidade de implantar uma nova cultura no universo de TI, o Agile. A proposta − que tem como mantra lançar dez implementações/mudanças por dia − visa alinhar times e automatizar processos para garantir uma alta performance com entregas em menos tempo. Se possível, em poucas horas.

Se antes as equipes de desenvolvimento e de operações não falavam a mesma língua, o DevOps chegou para mudar toda a história. Pessoas, processos e tecnologias se reúnem para planejar, acompanhar, construir, testar, entregar e monitorar operações e resultados.

Hoje, a maioria das startups já nascem e crescem com essa visão. E não só as pequenas estruturas aderiram ao DevOps e ao Agile. De acordo com relatório anual 2019 da DORA (DevOps Pesquisa e Avaliação), subsidiária do Google Cloud, os times com nível de maturidade digital mais avançados precisam de menos de um dia para modificar um aplicativo, enquanto as equipes em estágios inferiores levam de um a seis meses para completar a mesma tarefa.

A possibilidade de interações rápidas oferecida pela tecnologia (como feedbacks real-time e denúncias de bugs feitas pelos próprios guests) só destaca o poder do DevOps, quando aplicado corretamente.

O relatório observa que os times mais maduros digitalmente são 24 vezes mais propensos a respeitar os princípios da nuvem, definidos pelo Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos EUA (NIST). A pesquisa realizada com 31.000 profissionais de TI em todo o mundo, revela ainda que o número de organizações avançadas de desenvolvimento, distribuição e operação de software quase triplicou em um ano, o que demostra seu crescimento e importância.

De duas para mil atualizações por dia

Para a indústria de serviços financeiros — onde dados devem ser processados rapidamente e qualquer erro é fatal — a prática DevOps trouxe muitos benefícios. Prova disso é que um dos maiores bancos do mundo (Goldman Sachs) evoluiu de duas para mais de mil atualizações por dia!

O resultado se deve a práticas essenciais e etapas bem definidas, como planejamento, acompanhamento, desenvolvimento, construção, entrega, monitoramento e operações. Ações bem estruturadas e contínuas apoiam a automatização do ciclo de vida dos produtos e ampliam a velocidade dos processos, antes manuais e lentos. Surge então um novo ambiente de trabalho, definido pela Agilidade.

Cloud Sourcing e Cyber Security

Muniz Antônio, lembra que o movimento DevOps originalmente já enfatizava três pilares: segurança, qualidade e inovação, desde o desenvolvimento até a operação.

“Para o processo funcionar, é preciso que o time trabalhe com 50% de automação e 50% de colaboração. O mundo DevOps inserido na cultura Agile levanta a questão: “Devo ajudar o outro a não errar desde o desenvolvimento, na origem, na hora. Cada etapa do processo deve ser vista e entendida como responsabilidade de todos. Sem ferramenta de automação a estrutura de qualquer projeto fica incompleta. E se não houver um time parceiro e colaborativo também”, afirma.

gerenciamento de risco também é uma preocupação. Edson Akiyama, Manager Digital Transformation & Information Services da BASF, explica que um critério importante é a segurança da informação. Com dados expostos em nuvem — e toda a sua arquitetura também — esse é um fator crucial para as empresas se protegerem de ataques maliciosos.

Como todas as inovações tecnológicas, o cloud sourcing traz benefícios e desafios. Ao mesmo tempo que reduz esforço manual e gera maior escalabilidade e acessibilidade, abre espaços para riscos em relação à privacidade dos dados.

Por isso, o ciber security é o ponto inicial para garantir a segurança da informação e blindar o sistema de invasões, vírus, worms, spyware, etc.

‘Na minha máquina funciona!’

Muniz considera que, na prática, o DevOps promove a colaboração e a agilidade, já que fornece aos profissionais uma ideia completa da jornada. “Para funcionar, todos precisam estar juntos e ter uma visão do processo ponta a ponta. Nada de pensar somente no seu trabalho de forma isolada”.

Ele lembra que o mantra “Na minha máquina funciona!” não cabe mais. Para uma pipeline ágil e segura, devemos acelerar inovações e construir códigos bem estruturados.

“É preciso ter telemetria (tecnologia que permite a medição e comunicação de informações de interesse do operador ou desenvolvedor de sistemas) e visão de dono (ownership)”, comenta.

Empatia (de verdade!) é a palavra-chave

Muniz destaca que, além de sentimento de dono − que proporciona uma visão estratégica, traz a responsabilidade para si e percebe o sucesso da organização como um interesse coletivo − a empatia é uma soft skill fundamental para o profissional que atua com DevOps, pois estimula o entusiasmo e companheirismo na equipe, impulsionando os indicadores da empresa para cima através do aumento da sinergia e da produtividade.

“É a característica mais importante. Mesmo se tratando de uma área técnica, desenvolver empatia é essencial. Mas é praticar empatia de verdade, pois a origem do DevOps é exatamente essa: juntar o que não deveria ter sido separado. Competência técnica é formidável, mas uma postura colaborativa e empática é a competência comportamental que faz a diferença”.

Uma missão mais complexa do que se imagina. Edson Akiyama, afirma que disseminar a cultura DEVOps é um processo lento e contínuo.

“Não é só transformar o mindset na TI mas na companhia como um todo. Na BASF são 46 áreas (processos) e cada uma delas se tornou DevOps. Eram áreas separadas, com prioridades, discussões internas e projetos distintos. Com a junção, priorizamos o foco no cliente mantendo a união e aumentando a produção. Se colocar realmente no lugar do outro ajuda a entregar valor”.

De acordo com Edson, para acompanhar a evolução do mundo digital são necessários programas e ações que disseminem tais atitudes e tornem a organização mais ágil na entrega (Agile at Business). Ele utiliza metodologias como kanban e scrum para que a equipe inteira defina prioridades, enxergue as etapas e visualize as entregas.

Por fim…

Podemos concluir que DevOps trouxe uma importante proposta de mudança cultural para a área de TI, priorizando a agilidade, a comunicação e a colaboração entre os dois setores. Assim, as companhias que aderem ao movimento podem esperar:

• Entregas mais ágeis e desenvolvimento eficiente;

• Estabilidade e segurança operacional;

• Integração e colaboração entre os times;

• Autonomia para inovação;

• Redução de custos e otimização de erros

Esse é um processo que, na realidade, ainda engatinha. Muitas empresas precisam reestruturar seus times de TI, bem como toda a infraestrutura e cultura organizacional. Investir na implantação da Transformação Ágil permite que esteja à frente dos concorrentes, com times engajados e clientes satisfeitos.

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